quarta-feira, abril 15, 2009

Radiohead

Ana sentia-se tão culpada, tão criminosa,
que nada mais lhe restava senão a vontade gritante de fugir e se isolar.
Ele implorava que ela se perdoasse.
Acreditava que Ana não teve culpa, e sentia que sua fé estava se esvaindo
diante do corpo cansado e surrado que via em Ana.
Ali, caído naquela cela, ela agarrava-lhe a mão e permanecia imóvel.
Seus olhos faíscavam um pequeno brilho.
Quando se aproximou mais percebeu algo estranho na boca de Ana.
Onde encontrar um selo? Pensou.
Deveria imediatamente enviar uma carta.
Sentou-se no velho sofá amarelo e pela janela da cela pode ver um jardim onde crianças brincavam.
"A nave caiu no Kazaquistão", uma delas gritava!
Intrigado ele a chamou e perguntou o que estava dizendo.
"Beijou o astronauta na boca", a criança respondeu.
Ele ficou confuso, sem entender,
e lembrou que não havia tomado seu medicamento contra insanidade.
Já não sabia mais o que era real.
De repente virou-se e bateu em um vaso que caiu.
Sangue escorreu, os estilhaços cortara-lhe a mão.
Pensou, "o que fazer"?
Foi quando viu um lenço azul parecido com o lençol que sua mãe forrava sua cama.
Ficou paralisado por um minuto.
Pegou o lenço e enrolou em seu pescoço.
Olhou novamente pela janela e viu o namorado vesgo de sua irmã passar,
e gritando falar: "Acabaram de sepultar o aluno".
Enlouquecido, começou a ver tudo preto no branco.
Caiu. Sua fé se foi e levou sua vida.


Abreijos

Um comentário:

contraditório disse...

angustiante isso..
bjs